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sábado, 31 de maio de 2014

Cavalos campeões chegam a custar seis milhões de euros na Europ


Para viajar nas caravelas, cavalos que chegaram às Américas tinham apenas 1,5 metro de altura. Na Andaluzia, na Espanha, cavalo só falta dançar.




Vamos para a França, até a região da Normandia. Lá, o coração da Europa desacelera. No sossego de Ticheville, o senhor Charles-Henri de Moussac comanda um dos melhores haras do mundo. São muitos troféus e visitas ilustres. Reconhecimento de um sucesso raro.

"É um negócio muito difícil, porque o cruzamento da melhor égua com o melhor garanhão nem sempre garante um potrinho campeão”, explica o criador Charles-Henri de Moussac.

O Trempolino não está à venda. Mas um outro sim: vale seis milhões de euros.

Na verdade, este mundo milionário, de glamour e emoções, vem de uma história antiga. Uma época de ferro e fogo. Estamos no castelo de Satzvey, na Alemanha, em um torneio medieval. Onde os cavalos decidiam batalhas, venciam o mal e libertavam princesas.

Na Europa, os cavalos tinham mesmo que ser robustos para aguentar o peso das armaduras. Fora do mundo cristão, os árabes precisavam do contrário: cavalos leves, ágeis e resistentes às durezas do deserto. O encontro destes dois tipos bem diferentes aconteceu na península ibérica, principalmente por causa da invasão muçulmana que durou 700 anos.

Estudos genéticos comprovaram que os primitivos, como o Sorraia de Portugal e o Marismenho, da Espanha, estavam entre os primeiros que vieram para o mundo novo. Eram, sobretudo, pequenos.

“Quer dizer, um cavalo que na altura, há 400 anos, nas piores condições ambientais e de alimentação, genética e tudo, eram animais de 1,30 metro, 1,40 metro, por aí”, explica o geneticista da escola superior de Santarém Antonio Vicente.

Mas por que foram escolhidos? A explicação é uma viagem. A resposta está nos portos. No de Palos de La Frontera, na Espanha, de onde saiu Colombo, e no de Lisboa, ponto de partida de Cabral. Subimos a bordo de uma réplica da caravela de 1500 e descemos para descobrir como o espaço do porão era disputado.

“Para uma viagem de nove meses ou um ano, é preciso levar água, vinho, comida, toda uma zona era para levar a carga”, afirma o educador Rui Martins.

O tempo passou e os cavalos cresceram. Os criados hoje nos estábulos da famosa coudelaria Alter Real são quase um metro mais altos que o ancestral. Por causa deste sucesso, os animais ibéricos estão na base de quase todos os cavalos do Ocidente, inclusive das raças brasileiras.

Juntando a leveza do árabe com a força dos europeu, eles se tornaram um espetáculo. Por trás de todo o espetáculo tem uma verdade: os espanhóis se recusam a se separar dos cavalos. Para manter a proximidade, eles vivem inventando o que fazer. Competições, festas, e apresentações como esta. Na Andaluzia, cavalo só falta dançar, quer dizer, nem isso falta.

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